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16/09/2020 as 13h43 / Por ()

Bisneto usava conta de idosa para receber mesada do crime organizado em Três Lagoas

Aposentada de 82 anos foi presa e levada para delegacia da PF<br />

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  • - Delegacia da Polícia Federal em Três Lagoas (MS) - Foto: Julia Vasquez / Rádio Caçula
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Uma aposentada de 82 anos foi detida pela Polícia Federal (PF) em Três Lagoas (MS) no último dia 31 de agosto. A idosa foi um dos alvos da operação "Caixa Forte 2", que visou suspeitos de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital). A conta dela era utilizada pelo bisneto para receber uma espécie de mesada paga pela cúpula da organização. Ela relata que o bisneto disse que o dinheiro repassado era para ajudar na casa, mas não teria dito que era do crime organizado.

Segundo a família, desde a prisão, a aposentada passa o dia chorando e deitada, sem conseguir esquecer o momento em que os policiais foram até sua casa. A idosa conta que o dinheiro foi depositado na conta dela por um bisneto, ao qual ela havia criado como filho, mas que acabou entrando para o crime. "A gente pedia tanto para ele não fazer isso, mas ele acabou indo para um caminho que a gente não queria".

Em entrevista, a mulher disse que os policiais federais chegaram até sua residência nas primeiras horas da manhã do dia 31 de agosto, pouco após as 6h e deram a ordem de prisão. Um dos netos teria aberto a porta da casa e os policiais teriam entrado e realizado buscas em toda residência. "Só pedia a Deus me ajudar", disse.


Nunca tinha acontecido uma coisa dessas comigo
— disse a aposentada, antes de começar a chorar

A idosa não foi algemada e nem colocada no compartimento de presos da viatura policial, mas foi levada até a delegacia da Polícia Federal de Três Lagoas. Ela só conseguiu sair da unidade policial após um advogado, contratado pela família, converter a prisão dela para domiciliar, devido a idade e estado de saúde. "Nunca tinha acontecido uma coisa dessas comigo", disse ela, antes de começar a chorar. "Eu estou tão aborrecida que nem sei se vou viver muitos dias."

Ela conta ainda que a maior preocupação no momento é desbloquear a conta, através da qual recebe a aposentadoria de R$ 1.000,00. "Eu tenho remédio para comprar. Eu estou ruim mesmo".

Uma das filhas da aposentada, de 65 anos, contou que a mãe possui doenças como diabetes, enfisema pulmonar e que faz tratamento de câncer. "Prender uma senhora leiga, de 82 anos, cardiopata, enfisema pulmonar, diabética, tudo quanto é coisa? Minha mãe é forte, se fosse outra pessoa teria morrido de desgosto".

A filha ainda afirma que os policiais comprovaram que nenhum dinheiro repassado pelo bisneto teria sido utilizado pela aposentada. "Eu falei para os policiais. Nem móveis minha mãe tem. Não tem nem sofá. Assiste televisão em cadeira de área. Nem para acabar de rebocar a casa e fazer o muro da frente".

Operação "Caixa Forte 2"
A operação "Caixa Forte 2" foi deflagrada pela Polícia Federal de Minas Gerais (MG) para sufocar o sistema financeiros de organizações criminosas que atuam no país. As investigações detectaram uma rede de crianças e idoso que eram utilizados pelo PCC para escoar os recursos aos integrantes da organização criminosa presos no sistema federal.

O delegado da Polícia Federal Alexsander Castro, que é coordenador da Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais) os pagamentos variavam de R$ 1.000,00 até R$ 4.000,00 mensais, dependendo da importância do criminoso no grupo. Os recursos eram depositados nas contas dos representantes, sendo a maioria parentes do indivíduo preso e sem ligação com o crime.

Murilo Ribeiro de Lima, policial civil e um dos coordenadores da força-tarefa, afirma que a idade mais avançada é utilizada pelos criminosos por costumar se converter a prisão em prisão domiciliar. "Faz parte do papel social das instituições de persecução penal responsabilizar criminalmente, de forma rígida, essas pessoas, porque é até um recado para os faccionados para que evitem, então, usar interpostas essas pessoas para receber esses recursos", diz.

Os repasses que foram detectados pela força-tarefa mineira eram utilizados, em sua maioria, para aquisição de alimentos para a família dos presos. Segundo a investigação, porém, esse dinheiro servia também para ajudar os integrantes da facção presos.

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