Água Clara/MS . 17 de Novembro de 2025

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notícias : Polícia

17/11/2025 as 15h09 / Por ()

Grupo planejava usar casa de padre para "festinhas" após assassinato em MS

Celulares do assassino e do padre serão periciados para investigação sobre possível aliciamento sexual de adolescentes

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  • - Padre Alexsandro foi encontrado morto no sábado. (Foto: Pascom/Paróquia Santo André)
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O grupo acusado de assassinar o padre e advogado Alexsandro da Silva Lima em Dourados, no último fim de semana, planejava usar a casa paroquial para ‘festinhas’. O pároco, de 44 anos, foi encontrado morto às margens de uma estrada no distrito industrial na manhã de sábado (15). Cinco suspeitos foram identificados.

Na manhã desta segunda-feira (17), os delegados Lucas Albe Veppo e Adilson Stiguitis revelaram, em entrevista coletiva, quais os próximos passos da investigação. Com o depoimento do acusado de 18 anos, que alegou aliciamento sexual desde a adolescência, as autoridades explicaram que os aparelhos celulares do jovem e do padre serão periciados para investigação. Mas segundo a polícia não há haveria ligação entre o assassinato e os supostos abusos.

O caso ainda é tratado como latrocínio — roubo seguido de morte —, já que o jovem revelou ter combinado o encontro na intenção de roubar o veículo do padre para vendê-lo no Paraguai por R$ 40 mil.

Ainda em entrevista coletiva, os delegados revelaram que, após o assassinato, o grupo teria planejado usar a casa do padre Alexsandro para festas pelo tempo que conseguissem.

“O caso é tratado como roubo seguido de morte porque ambos os autores confessaram que tinham premeditado o crime um tempo antes. Eles não sabiam que o Alexsandro era padre, sabiam que ele tinha aquele veículo. Um dos autores já tinha feito contato com uma pessoa no Paraguai que iria comprar o carro por R$ 40 mil. Então, esse era o intuito deles: roubar o carro para que fosse vendido no Paraguai e roubar o celular, mas como não conseguiram desbloquear o telefone, acabaram dispensando ele no matagal”, explicou o delegado Lucas.

Além disso, o grupo pretendia usar a casa para festas com amigos. “[…] utilizar a residência o quanto eles pudessem para fazer festas e eventos com amigos. Então, eles tinham esse interesse no carro, no celular, nos objetos da residência e também em ficar utilizando a residência após a morte do Alexsandro”, detalhou Lucas Veppo.

Além do jovem que confessou o crime, um adolescente está apreendido e outro rapaz, também de 18 anos, teve a liberdade provisória concedida. Duas adolescentes, que seriam namoradas, foram chamadas para limpar a casa onde o crime aconteceu. Elas responderão ao processo em liberdade.

À esquerda, delegado Adilson Stiguitis; à direita, delegado Lucas Albe Veppo, durante coletiva de imprensa. (Foto: Marcos Morandi/Jornal Midiamax)

Latrocínio

O servente de pedreiro, de 18 anos, preso em flagrante pelo assassinato, confessou o crime à Polícia Civil. Em depoimento, o jovem revela que planejava roubar a vítima, no entanto, acabou matando-a a golpes de marreta na cabeça e facadas no pescoço, na noite de sexta-feira (14), em Dourados. O rapaz alega que era aliciado desde a adolescência para práticas sexuais.

Durante o depoimento, o jovem conta que conheceu Alexsandro através do ex-cunhado, de 13 anos na época, que também seria uma vítima aliciada. Ele, que tinha 17 anos na época, teria sido chamado para uma prestação de serviço em obra. Porém, não havia trabalho. Ele alega que o padre oferecia de R$ 40 a R$ 100 para sexo oral. Outra revelação seria de que o padre costumava buscá-lo em frente à escola, com o carro roubado no crime, um Jeep Renegade.

O jovem ainda diz que, no dia do crime, na sexta-feira, combinou o encontro na intenção de roubar o veículo. Ele planejava o roubo há dias e venderia o carro no Paraguai por R$ 40 mil. No entanto, ele diz que foi forçado a praticar sexo oral, o que teria motivado a morte. No dia do crime, ele iria receber R$ 50 pelos atos sexuais.

Religioso era líder em Douradina

O crime provocou grande comoção em Dourados e Douradina, onde o padre Alexsandro atuava desde 2022. Natural de Eldorado, o sacerdote tinha ampla trajetória na igreja e também era advogado com inscrição ativa na OAB/MS.

Alexsandro já havia sobrevivido a um assalto violento em 2018, quando foi rendido dentro da casa paroquial em Dourados, agredido com coronhadas e trancado em um quarto. Três suspeitos foram presos na época.

Além da comoção nas cidades de Mato Grosso do Sul, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) encaminhou uma nota de pesar ao bispo da diocese de Dourados, dom Henrique Aparecido de Lima.

Na nota de pesar assinada pelo arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre, presidente da CNBB, dom Jaime Cardeal Spengler, e pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, é descrito que Alexsandro era um presbítero dedicado à igreja particular de Dourados e com servidora presença no Regional Oeste I.

Unimo-nos à Diocese de Dourados, ao clero, aos fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina e aos familiares do querido presbítero, que tanto contribuiu para a vida pastoral e missionária dessa Igreja local, exercendo com zelo o serviço de pároco, coordenador geral do clero, assessor dos Diáconos Permanentes, responsável pela Pastoral da Acolhida e Presidente da Comissão Regional de Presbíteros”, diz o texto.

Notas de pesar e homenagens

A morte do padre gerou uma onda de homenagens nas redes sociais. A Diocese de Dourados afirmou que “rogará a Deus para acolher a alma do sacerdote e confortar familiares e amigos”. Já a Pascom de Douradina destacou que a dedicação de Alexsandro “deixa uma marca indelével na história da comunidade”.

Fiéis também manifestaram dor e indignação pela violência do crime. O sacerdote foi lembrado como um homem de fé, querido pela comunidade e reconhecido pelas homilias que “tocavam a alma”.

A Polícia Civil segue colhendo depoimentos e reunindo provas para esclarecer completamente a dinâmica do latrocínio e a participação de cada envolvido. O caso permanece em investigação.

Midiamax

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