Água Clara/MS . 26 de Novembro de 2025

26/11/2025 as 08h53 / Por ()
Roberto Razuk foi levado na manhã de ontem em investigação que apura a disputa pelo comando da contravenção na Capital
O empresário e ex-deputado estadual Roberto Razuk, de 84 anos, foi um dos 20 presos na Operação Successione, deflagrada ontem pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Razuk é apontado como um dos chefes da exploração do jogo do bicho em MS.
Com isso, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) deteve o último “capo” (termo usado para se referir aos chefes das máfias italianas) do Estado.
O primeiro a ser preso foi Jamil Name, que, segundo apuração feita durante a Operação Omertà, comandava o jogo do bicho e também uma milícia armada em Campo Grande.
Já Fahd Jamil foi preso em 19 de abril de 2021, na terceira fase da Operação Omertà. Conforme a investigação, ele seria responsável pelos crimes de pertencimento a organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo e outros correlatos a homicídios praticados pela milícia armada. Ele também era apontado como o chefe do jogo do bicho em Ponta Porã.
Fahd Jamil foi solto em 2023, em função de sua condição de saúde, mas precisava cumprir uma série de requisitos, um deles era permanecer em Campo Grande. Em outubro do ano passado, a Justiça permitiu que ele retornasse a Ponta Porã, onde era chamado de “Rei da Fronteira”.
Outro alvo foi José Eduardo Abdulahad, que, de acordo com o MPMS, era um dos líderes do jogo do bicho na fronteira com o Paraguai. Ele teve a prisão sua decretada em 2023, mas conseguiu converter para prisão domiciliar, em razão de estar fazendo um tratamento contra câncer.
Com a prisão de Razuk ontem, os quatro empresários, considerados os maiores chefes da contravenção em Mato Grosso do Sul, estão de alguma forma longe da atividade.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da operação foram apreendidos R$ 300 mil com a família Razuk - Foto: Divulgação / MPMS

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da operação foram apreendidos R$ 300 mil com a família Razuk - Foto: Divulgação / MPMS
OPERAÇÃO SUCCESSIONE
Na quarta fase da Operação Successione, o Gaeco cumpriu 20 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã, além de cidades no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Segundo o MPMS, “as fases anteriores da Operação Successione revelaram a atuação de uma organização criminosa armada, violenta, que se dedicava à exploração de jogos ilegais, corrupção e demais delitos correlatos, responsável por roubos com emprego de arma de fogo, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho em Campo Grande, em razão do vácuo deixado após a Operação Omertá”.
Além de Razuk, também foram presos dois de seus filhos, Rafael Razuk e Jorge Razuk, Sérgio Donizete Balthazar, dono da empresa Criativa Technology, Marco Aurélio Horta, o Marquinho, chefe de gabinete do deputado estadual Neno Razuk, e o advogado Rhiad Abdulahad, filho de José Eduardo.
O deputado estadual, que também é filho de Roberto Razuk, não teria sido alvo desta fase da operação, porém, já figurou entre os investigados na primeira fase.
Durante o cumprimento dos mandados contra a família Razuk, conforme apuração da reportagem, foram apreendidos mais de R$ 300 mil.
Além disso, segundo fontes do Correio do Estado, o ex-deputado Roberto Razuk pode não ficar preso em cela comum. Isso porque, além de ser idoso, ele passou recentemente por uma cirurgia e depende de cilindros de oxigênio para respirar e a Delegacia de Polícia Civil onde está custodiado não teria estrutura para mantê-lo.
Razuk enfrenta um pós-operatório delicado, após a remoção de um câncer e problemas cardíacos.
As condições do alvo da operação teriam criado um impasse na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) de Dourados, pois a cela comum não é equipada para receber presos que necessitam de cuidados especiais de saúde.
Conforme reportagem, a defesa já entrou com um pedido de prisão domiciliar, citando os problemas de saúde e a idade do investigado.
“A defesa ainda não sabe as razões da prisão preventiva de Roberto Razuk. No momento, foi apresentado um pedido à magistrada para garantir a ele a prisão domiciliar, porque Roberto Razuk é idoso e está com a saúde bastante abalada. Nós aguardamos a resposta a esse pedido com toda a urgência, em razão de previsão legal expressa garantindo esse tipo de direito”, destacou o advogado André Borges.
Além disso, em ofício encaminhado à Justiça, o delegado de Polícia Civil teria afirmado que a delegacia “não dispõe de estrutura adequada para recebê-lo [Roberto Razuk]”. O delegado também citou a idade avançada do ex-deputado e a dependência do “tubo de oxigênio” como barreiras para sua custódia nas instalações da Polícia Civil.
*SAIBA
Antes da primeira fase da Operação Successione, a Polícia Civil apreendeu 700 máquinas usadas no jogo do bicho, semelhantes a máquinas de cartão. A ação foi uma das provas usadas para mostrar que organizações estavam tentando retomar o jogo do bicho na cidade.
Correio do Estado
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